A importância dos mixers nos coquetéis
De nada adianta você usar uma base alcoólica de qualidade e pecar nos chamados "mixers", que são os ingredientes usados para completar um coquetel.
"Não tenho nenhum problema falar sobre isso: a década de 80 foi sombria para a cultura do coquetel. Os proprietários de bares optaram por soluções duvidosas. Em vez de sucos recém-espremidos, eles optaram por criar coisas medíocres feitas com pré-misturas. Esta foi a era do sour mix em pó."
Assim Simon Difford descreve a chamada Era Negra da coquetelaria, que começou na década de 70 e só viu a luz no fim do túnel no final dos anos 90, quando Dale DeGroff, em Nova York, e Dick Bradsell, em Londres, iniciaram uma revolução, ao resgatar ingredientes artesanais para produção de drinks mais equilibrados e frescos.
O Brasil só entrou nessa onda praticamente 10 anos depois. Foi no finado MyNY Bar que, em 2009, Marcelo Serrano criou uma espuma de gengibre para ser usada no Moscow Mule que hoje em dia é onipresente em praticamente todas as casas do Brasil.
"Fiz pela necessidade de suprir a falta de ginger beer", contou-me Serrano, atualmente consultor de diversas casas em São Paulo. Depois da espuma vieram suco de tomate artesanal para o Bloody Mary, xaropes, licores e até água tônica. No MyNY, além de Serrano passaram profissionais como Spencer Amereno Júnior e Kennedy Nascimento, que até hoje são fervorosos adeptos dos ingredientes artesanais em seus coquetéis.
O fato é que, de nada adianta você usar uma base alcoólica de qualidade e pecar nos chamados "mixers", que são os ingredientes usados para completar um coquetel. Sucos, licores, xaropes, reduções, cordiais, refrigerantes são os mais utilizados. Em drinks como o popular Gin Tônica, o mixer é 75% da composição, daí sua grande importância.
A escassez de produtos de qualidade vem deixando de ser um problema com a chegada de marcas como a Fever-Tree e London Essence, duas das mais respeitadas águas-tônica do mundo e produzidas com ingredientes naturais. Além da tônica, eles trouxeram ao Brasil, para a alegria de muita gente, ginger beer. As marcas brasileiras tiveram que correr atrás: a Prata lançou uma linha exclusiva para coquetelaria e outras independentes, como a Riverside, encontraram seu espaço no mercado combinando preço com qualidade.
Um ponto importante a considerar: o simples fato de um produto ser artesanal não significa que ele seja melhor que um industrializado. Muitas vezes, um bom produto artesanal normalmente pode ser substituído por um bom produto industrializado.
Por exemplo, Maurício Barbosa, bartender do Restaurante Tuju, criou um drink delicioso chamado La Sang Jaune. Ele leva 5ml de um excelente licor caseiro de genciana, criado por ele, em sua versão original. Mas, você pode substituí-lo por Suze, tradicionalíssimo aperitivo francês de genciana. No Difford's Guide apresentamos esta versão, pois ela é mais fácil de replicar sem perder qualidade.
Por isso, seja você um bartender ou alguém que gosta de preparar seus drinks em casa, o importante é ponderar qual a melhor opção, avaliando sabor, custo e complexidade de preparo para chegar no melhor produto final.
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